São Vicente e Granadinas Notícias (Blog N. 537 do Painel do Coronel Parceria: O Porta Voz

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Lula se reúne com Morales em reduto da oposição na Bolívia

Da Folha

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e Evo Morales, da Bolívia, reúnem-se nesta sexta-feira, na cidade boliviana de Riberalta, no norte do país, para assinatura de um acordo para a construção da rodovia Rurrenabaque-Riberalta.

A obra faz parte do projeto viário boliviano "Hacia el Norte" e terá financiamento brasileiro. A nova via garantirá acesso direto entre Porto Velho e La Paz e integra o corredor interoceânico, que ligará por terra o Brasil ao Chile e ao Peru, países banhados pelo Pacífico.
Segundo o porta-voz de Morales, Iván Canelas, o encontro contará com a presença do líder venezuelano Hugo Chávez.

No entanto, o convite de Morales a Chávez gerou polêmica na região de Riberalta. O presidente do Comitê Cívico, Mario Aguilera, chegou a dizer que o desembarque do presidente da Venezuela "não será permitido".

"Chávez foi declarado 'persona non grata' aqui e não nos responsabilizamos pelo que possa acontecer", disse Aguilera.

Em entrevista na quinta-feira, Canelas afirmou que, durante o encontro, os líderes devem assinar ainda um acordo para o "desenvolvimento e proteção" da Amazônia. Mas o porta-voz não deu maiores detalhes sobre o conteúdo do acordo.

Apoio

O encontro promete reunir seguidores de Morales de várias regiões do país, já que a oposição ao líder boliviano no local é bastante ativa.

O departamento de Beni, onde fica Riberalta, está entre os quatro dos nove departamentos do país onde, nos últimos tempos, a população votou pelo "sim" à autonomia financeira e política do governo regional em relação ao governo central.

Além de Beni, outros favoráveis à autonomia foram Santa Cruz, o maior e mais rico do país, Tarija, onde estão reservas de gás, e Pando, vizinho a Beni.

Segundo diferentes analistas, os resultados dos plebiscitos revelaram a força da oposição ao governo Morales nestes departamentos.

Em entrevista à BBC Brasil, a cientista política Ximena Costa, professora da Universidade Maior de San Andrés, disse que o encontro entre Morales, Lula e Chávez simbolizará um "apoio público" dos dois presidentes ao colega boliviano, na contagem regressiva para o "referendo revogatório", agendado para o dia 10 de agosto.

"Será um apoio, sem dúvida. Mas a situação aqui não está fácil. Além disso, existem fortes críticas às interferências de Chávez nas questões internas", disse.

O referendo perguntará aos bolivianos se estão de acordo com a permanência de Morales e de seus governadores estaduais nos cargos. Para a revogação dos mandatos, é preciso que o "não" supere a porcentagem de apoio obtida nas eleições de 2005.

Morales, por exemplo, obteve cerca de 54% dos votos no pleito. Por isso, o "não" à permanência dele no cargo precisará superar este percentual para que ele deixe o Palácio presidencial Queimado, em La Paz.

Ximena lembra que, atualmente, Morales tem 48% de apoio popular. No entanto, o apoio do eleitorado é bastante dividido - cerca de 70% vem de lugares como La Paz, mas em departamentos como Tarija, a popularidade do presidente fica em torno de 20%.

No início do mês, durante a reunião do Mercosul, na província argentina de Tucumán, o presidente Lula elogiou a gestão de Morales - primeiro indígena que chega ao poder na história da Bolívia. Na ocasião, o presidente boliviano pediu a presença de observadores dos países do Mercosul durante a votação do referendo.

Parceria

O encontro desta sexta-feira, que deve durar cerca de três horas, marca a formalização do financiamento para a construção da rodovia Rurrenabaque-Riberalta.

A obra terá extensão de 510 quilômetros e o custo total estimado pelo Palácio do Planalto é de US$230 milhões (R$367 mi).

A rodovia será ligada à ponte entre Guajará-Mirim e Guayaramerín, a ser construída pelo governo brasileiro. Dessa forma, o projeto permitirá o acesso rodoviário direto entre Porto Velho e La Paz.

As condições de financiamento da rodovia foram aprovadas pelo Conselho de Ministros da Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) em 3 de julho.

O Brasil é o principal parceiro comercial da Bolívia e seu maior investidor externo.
De acordo com dados do governo brasileiro, de janeiro a junho de 2008, o fluxo de comércio bilateral atingiu cerca de US$ 2 bilhões, o que representa aumento de quase 70% do valor em relação ao mesmo período de 2007.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Hanoi:Lula elogia vitória do Vietnã sobre EUA e recuperação econômica

HANÓI, 10 Jul 2008 (AFP) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou nesta quinta-feira, em Hanói, a vitória do Vietnã na guerra contra os Estados Unidos e afirmou a seu colega Nguyen Minh Triet que pedirá uma representação maior dos países em desenvolvimento na política internacional.

Lula, que chegou na noite de quarta-feira procedente do Japão, onde participou como convidado da reunião de cúpula do G8, iniciou sua visita de um dia a Hanói no mausoléu do líder revolucionário Ho Chi Minh e depositou uma coroa de flores no memorial dos veteranos de guerra.

"O que o Vietnã fez foi muito mais que ganhar a guerra, e merece o respeito de toda a humanidade. Sua vitória (contra os Estados Unidos) foi uma vitória dos oprimidos e nos sentimos orgulhosos disso", afirmou Lula, depois de ser recebido com honras militares no palácio presidencial.

Lula elogiou a recuperação econômica do Vietnã depois da guerra. O país comunista conheceu nos últimos dez anos taxas de crescimento anual de mais de 7% e reduziu rapidamente a pobreza a menos de 20% da população.

"Com a mesma perseverança com que conseguiu sua independência, o Vietnã se distingue por seus bons resultados e as elevadas taxas de crescimento de sua economia", declarou.

Lula e Nguyen Minh Triet prometeram se apoiar mutuamente em nível internacional para conseguir uma representação maior dos países desenvolvidos no cenário político e econômico mundial.

Além disso, os ministros dos dois países assinaram acordos de cooperação nos âmbitos de tecnologia e ciência, e também para a luta contra a pobreza e promoção do esporte.

Os ministros firmaram também um pacto para compartilhar conhecimentos no desenvolvimento de biocombustíveis.

O presidente vietnamita elogiou o papel do Brasil no cenário internacional e agradeceu a Lula por seu apoio dado ao Vietnã em 2007 para o acesso do país à Organização Mundial do Comércio (OMC) e a uma vaga não permanente no Conselho de Segurança da ONU.

Triet também garantiu seu apoio ao Brasil para uma vaga permanente no Conselho de Segurança.

"Estou certo de que o Vietnã compartilha conosco a visão de que os problemas mundiais não podem ser resolvidos apenas pelos países industrializados", acrescentou Lula.

No que diz respeito às negociações sobre o comércio mundial, onde o Brasil lidera as exigências de um regime mais igualitário para os países pobres, Lula insistiu que o Vietnã é "um aliado importante na luta para pôr fim às distorsões no comércio internacional".

O chefe de Estado brasileiro informou ainda que os ministros da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), da qual o Vietnã é membro, e do Mercosul se reunirão pela primeira vez em novembro.

O presidente vietnamita passou, em seguida, para temas mais leves, e elogiou o samba brasileiro, o que fez Lula convidá-lo a visitar o Brasil no Carnaval.

Essa foi a primeira visita ao Vietnã de um presidente brasileiro desde que os dois países estabeleceram relações em 1989.

Lula, que viaja com funcionários dos setores de energia, mineração, defesa, aeroespacial e outras indústrias, também assistiu a uma reunião empresarial destinada a impulsionar o comérciio bilateral, que, no ano passado, foi superior a 300 milhões de dólares.

Mais tarde manterá uma reunião com o primeiro-ministro Nguyen Tan Dung e o chefe do Partido Comunista, Nong Duc Manh, que visitou o Brasil em maio do ano passado.

Na sexta-feira irá para o Timor Leste e no sábado visitará a Indonésia

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Lula contém liderança de Chávez na América do Sul, diz jornal

da BBC Brasil

Uma reportagem do jornal "International Herald Tribune" afirma nesta quinta-feira que o pragmatismo político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na América do Sul tem contido as aspirações de liderança regional do colega venezuelano Hugo Chávez.

No texto, intitulado "Lula supera Chávez na região: Pragmatismo de Lula eleva o perfil do Brasil", os repórteres do jornal tentam mostrar uma relação "mais complexa" do que os gestos de amizade entre os dois presidentes, descritos como "às vezes parceiros, às vezes rivais".

"Na luta pela tocha da liderança na América Latina, Lula tem superado Chávez em quase todos os confrontos", afirma o IHT. "Ao fazê-lo, o presidente brasileiro tem enfraquecido os esforços do venezuelano para usar sua riqueza petroleira para ganhar influência ampla na região."

O artigo afirma que o Brasil tem conseguido projetar sua força econômica e política em países tão distintos quanto a socialista Cuba, parceira estratégica da Venezuela, e a rival Colômbia, mais próxima dos Estados Unidos.

Mesmo em nações onde Chávez e Lula aparecem com interesses conflitantes --como a Bolívia--, o presidente brasileiro tem procurado "elevar a estatura" do Brasil através de ajuda e cooperação econômica, diz o jornal.

"Em vez de confrontar Chávez publicamente, mesmo quando ele ameaça com a nacionalização os interesses brasileiros na Venezuela, Lula se desfaz em elogios", afirma o diário.

"O Brasil tem elogiado publicamente os esforços de Chávez de unir a América do Sul, ao mesmo tempo em que reforça sutilmente as instituições que atuam na fiscalização em projetos ambiciosos apoiados pela Venezuela, como o gasoduto do sul e o Banco do Sul."

Como conseqüência, diz a reportagem, a dinâmica econômica da região nunca se inclinou tanto para o Brasil, ao passo que a tentativa venezuelana de unir os países tem se limitado aos poucos membros que compõem a Alba, Alternativa Bolivariana para as Américas.